CORETO É CULTURA E DEMOCRACIA

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Raras são as cidades que não possuem um coreto em sua praça. O Coreto sempre foi um lugar de encontros culturais, onde a música e a poesia se misturam com a massa popular, já que todos podem ter acesso a uma praça pública. Sendo assim, os coretos sempre prestaram grande serviço democrático popular da divulgação da cultura.

 

Os coretos são construções situadas nas praças públicas. Inicialmente, eles eram um espaço de descentralização e democratização cultural. Surgiu com os ideais de igualdade da Revolução Francesa, quando a cultura saiu dos ambientes fechados e pode ser exposta nas áreas públicas. Os coretos foram palcos de manifestações políticas e testemunhas de transformações sociais.

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O primeiro coreto instalado na cidade do Rio de Janeiro foi inaugurado em 21 de junho de 1903, na Praça XV de Novembro, no Centro. Naquele ano, o espaço fora reformado pelo então prefeito Pereira Passos, com o ajardinamento e a arborização em torno dos monumentos existentes na época. O coreto foi construído à custa da Companhia de Carris Urbanos, através de um contrato firmado com a Prefeitura. O primeiro concerto realizado ocorreu no dia de sua inauguração, com a Banda de Música da Marinha do Brasil.

 

INVESTIGAÇÃO ETIMOLÓGICA DA PALAVRA CORETO

 

* Já sabemos que a investigação etimológica é uma área complexa, em que existem várias teorias, pelo que devemos usar o espírito científico, mente aberta, livre de teorias, mais ou menos escolásticas.


Enquanto alguns defendem que vem do italiano “coretto”, no fundo com ligação a “tribuna” e “coro da igreja”; outros estão na mesma linha e defendem que vem de “coro”, com o sufixo diminutivo “eto”; logo, pequeno coro.


Como se sabe, o coro é a parte da Igreja onde está um estrado, uma parte alta, como se fosse um “palanque”, onde os cónegos, membros das colegiadas, seminaristas etc., fazem as suas orações em comum, ou o local algo mais elevado onde dentro delas se toca ou canta, ou ainda a zona com fileiras fixas de cadeiras na capela-mor, nas quais se sentam os sacerdotes. Vem do grego “ khoros”, latim “choru”, dança.


Daí que, em algumas obras, como no “Dicionário Prático Ilustrado”, sob a direcção de Jaime de Séguier, edição da Lello& Irmão-Editores, Porto, se foque que coreto é “uma espécie de coro, construído ao ar livre, para concertos musicais.”


Outros ainda que é oriundo de “coro”, “sendo uma espécie de estrado ou edificação, levantado em jardim, largo, etc., que se destina especialmente para uma Banda de Música dar concertos.”


Em suma, nas duas línguas, italiano e português, há algo de semelhança, embora, em postais editados na Itália, surjam palavras como “ cupola della música, ou seja “ abóbada esférica” ou “ tribuna”.

 

Só que, quando estas construções surgiram em Portugal, nos finais do século XVIII, sendo, então, coretos móveis, eles eram conhecidos por “ Kioscos”, como mais tarde de “ Quiosques”, como se pode ler nos textos ainda no século XIX para, mais tarde, passar-se a usar de “Coretos”.


No postal que segue, de um dos grandes editores portugueses, sobre a Avenida da Liberdade, datando de 1905, eis a palavra: “CORETO” e, em francês: “ Pavillon de musique”.

Surge, assim, uma luta entre as influências francesas, liberalismo e as mais ligadas à romanização.

 

Na FRANÇA, é conhecido por “ Tribune de musiciens”; mais tarde, e de acordo com as nossas investigações nos textos dos séculos XIX e ainda nos princípios do século XX, surge “Kiosque à Musique”, embora este meio já fosse também usado.

 

Na INGLATERRA, onde eles terão surgido, inicialmente, como sabemos já, em meados do século XVIII e até nas primeiras décadas, antes, pois da revolução francesa, eles são chamados de “bandstand”, ou seja, “band” no sentido de Banda ou Orquestra de Música e “stand”, tribuna, estrado etc.

 

Em ESPANHA, denomina-se de “Tablado para tocar bandas de Música”, ou um “Pequeno Coro” ou até “Templete” e, aqui, quer dizer não só dimutivo de Templo, como, “Pavilhão” e “Quiosque”.

 

Indo ao idioma alemão, eis: “Musikpavillon”, ou seja “Pavilhão da Música.”


E, assim por diante, noutros idiomas, onde há profundas diferenças até nos caracteres, mas que nos CORETOS, pois por toda a parte, nos diversos continentes, como podemos ver pelas imagens que inserimos, têm muito em comum, ou eles não fossem os palcos dessa linguagem universal: a Música.

 

 * Fonte: http://www.meloteca.com/pdfartigos/delmar-domingos-de-carvalho-origem-etimologica-de-coreto.pdf

 




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